SÃO PAULO/SP
| NUNES EXONERA CAPITÃO DA ROTA SUSPEITO DE LIGAÇÃO COM PCC E QUE TRABALHAVA NA SEGURANÇA PESSOAL DO PREFEITO DE SP
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), exonerou na quarta-feira (29o capitão da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Raphael Alves Mendonça, que fazia parte da Assessoria Militar do Gabinete do prefeito e atuava na segurança pessoal do chefe do Executivo municipal e de sua família. O oficial é alvo de investigação da Corregedoria da Polícia Militar por suspeita de envolvimento com uma rede de informantes do Primeiro Comando da Capital (PCCdentro da corporação.
A exoneração foi publicada na edição desta quinta-feira (30do Diário Oficial do município. Além de ser retirado da equipe de segurança do prefeito, Mendonça também perdeu a gratificação salarial que recebia pelo cargo.
Investigação e suspeitas de ligação com o crime organizado
De acordo com as investigações conduzidas pela Corregedoria da PM, Raphael Alves Mendonça teria participado de um esquema de vazamento de informações sigilosas da corporação para integrantes da facção criminosa PCC. Os vazamentos teriam ocorrido entre os anos de 2021 e 2022, quando Mendonça era chefe da Agência de Inteligência da Rota.
Segundo a apuração, subordinados do capitão dentro do Centro de Inteligência da unidade também estariam envolvidos no esquema, repassando informações estratégicas para criminosos. Apesar da gravidade das acusações, Mendonça não foi preso e segue sob investigação.
A Polícia Militar afirmou, por meio de nota, que tem adotado medidas rigorosas contra qualquer envolvimento de seus membros com o crime organizado e destacou que as investigações já levaram à detenção de 17 policiais militares suspeitos de ligações ilícitas. "Nenhum desvio de conduta será tolerado", declarou a corporação.
Trajetória de Mendonça e influência na segurança pública
Antes de integrar a equipe de segurança pessoal do prefeito de São Paulo, Raphael Alves Mendonça ocupou cargos estratégicos na segurança pública. Além de atuar na inteligência da Rota, ele também fez parte da equipe responsável pela segurança da cúpula do Ministério Público do Estado de São Paulo.
Durante esse período, ele participou da escolta do procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, uma das principais autoridades do MP-SP. O histórico do capitão e seu acesso a informações sensíveis tornam as suspeitas ainda mais preocupantes para as autoridades.
Repercussão política e medidas adotadas
A exoneração de Mendonça ocorre em um momento delicado para a gestão de Ricardo Nunes, que se prepara para disputar a reeleição à Prefeitura de São Paulo. A presença de um oficial investigado por ligação com o crime organizado dentro de sua equipe de segurança levanta questionamentos sobre os critérios de escolha para cargos de confiança.
Fontes do governo municipal afirmam que a decisão de exonerar o capitão foi tomada tão logo o prefeito tomou conhecimento das investigações da Corregedoria. A administração municipal reforçou que não compactua com irregularidades e que a segurança do chefe do Executivo será mantida com outros profissionais da corporação.
Enquanto isso, a Corregedoria da PM segue com as investigações para apurar a profundidade da rede de vazamentos e eventuais ramificações dentro da corporação. A expectativa é que novas prisões possam ocorrer conforme o avanço das diligências.